DIÁLOGO ENTRE ARTE E PATRIMÔNIO por Sânzia Pinheiro, Marcelo Gandhi e Jean Sartief
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, em comemoração aos seus 70 anos, abriu edital público convocando a apresentação de projetos que estabeleçam diálogo entre a arte contemporânea e o patrimônio cultural.
O que essa instituição pretende com uma proposta de interação do patrimônio cultural com a contemporaneidade?
Para Afonso Luz, um dos formuladores do edital, há um movimento na própria dinâmica da vida cotidiana que vai além da idéia de globalizaçã, que são as criações de novos territórios de saberes, uma nova malha simbólica, uma nova maneira de experimentar o espaço-tempo. É uma aposta na arte do agora como provocadora de reflexão crítica/criativa sobre os símbolos e os "modos de simbolização que o país adotou".
As exposições, ações, intervenções ambientais, performances criam um novo discurso, que corresponde à nossa atual experiência de espaço e tempo. Nesse tempo, histórico presente, as polaridades se complementam, a desordem é geradora de ordem, os limites são ultrapassados, quebrados, criando uma nova geopolítica e novos territórios, saberes e relações. É preciso um novo vocabulário para pensar e viver esse novo mundo.
Esse é o ponto de gravitação da escrita de Edgar Morin, para quem é urgente uma reforma do pensamento, uma reorganização que permite o contato com uma hiperrealidade, que possamos nos perceber seres biopsicosocioculturais.
Nesse sentido, o projeto Fermentações Visuais tem a pretensão de adensar essa construção com a publicação de textos históricos e críticos que tratem da arte contemporânea e suas possíveis contribuições na contrução desse novo modo de ver, sentir e viver.
Não estaremos aqui com a pretensão de responder nem de apresentar definições fechadas, mas de densar a discussão, provocar diálogos, perguntar e reformular perguntas. Quem é o curador? Qual o estado da arte? Quais os critérios de seleção numa exposição? Onde o colecionador principiante pode encontrar orientação para comprar obras? Como constituir instituições que sejam ume spaço para uma prática voltada para as questões da arte contemporânea? Quais as principais questões que esse espaço poderá estudar? Por que a arte contemporânea é importante na expansão epistemológica?
Ao nos debruçarmos sobre cada questão, estaremos trazendo e problematizando aquilo que é específico das artes visuais no Rio Grande do Norte e as questões mais gerais desse universo, bem como a rizomática que lhe pertence.
Os textos publicados serão de autoria dos coordenadores, de convidados e daqueles que compartilham dessas preocupações.
Acreditamos que aqueles que estão, de alguma maneira, envolvidos na produção da arte atual, são agentes culturais que trabalhamn para que as artes visuais criem um espaço público de reflexão sobre o estado atual da condição humana.
Para saber mais:
CAUQUELIN, Anne. Arte Contemporânea: Uma introdução. São Paulo. Martins Fontes, 2005.
Em 30 de outubro de 2007
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