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ARTE E NOVAS TECNOLOGIAS
por Jean Sartief, Sânzia Pinheiro e Afonso Martins

A interatividade, segundo Mônica Tavares, estudiosa da arte e das novas tecnologias e doutora em artes pela ECA/USP, pressupõe uma relação que garante ao receptor intervir instantaneamente sobre a obra. O próprio conceito de Interatividade nasce a partir de Ivan Sutherland, em sua tese de doutorado, em 1962, onde o usuário desenhava diretamente sobre um tubo de raios catódicos, visualizando as figuras imediatamente, gerando um processo comunicacional de reciprocidade.
No mês passado, houve a exposição comemorativa ao oito de maio sob o título de Interativos e não-contemplativos e, recentemente, foi lançado o edital 2008 do II Salão de Artes Visuais Prêmio Abraham Palatinik que visa difundir, fomentar, selecionar e premiar a produção artística no campo das artes visuais que se utilizem das novas tecnologias e novas técnicas aplicadas a arte. Ambos mostraram-se aquém quanto a seus resultados. No primeiro o saldo foi mais contemplativo que interativo e no segundo, levando em consideração o atual edital e os trabalhos da primeira edição, solicita-se, urgente, um aprofundamento.
Um salão que busca trabalhos artísticos em novas tecnologias já começa confuso quando o regulamento e fichas de inscrição são distribuídos em xerox que, neste caso, não se trata de um conceito ou forma de expressão baseada no equipamento, mas apenas na não onerosa reprodução. Seria um descuido? O regulamento segue com peculiaridades como o de solicitar expressamente “fotos reveladas em estúdio” ou em relação a um dos itens de avaliação dos trabalhos: “b) utilização de materiais e meios inusitados.” Não é mais sensato a utilização de meios tecnológicos? Outra coisa é que “meios inusitados” é um pouco complexo na arte contemporânea a partir de 1960. O que poderíamos chamar de meios inusitados?
As novas tecnologias também unem o espectador à obra pela possibilidade de retroação o que nos remete, igualmente, à questão da interatividade, lembrando que as obras, nessa premissa, são sensíveis a diferentes manipulações pelo observador. Trata-se de uma participação real e não mental. O apelo de soluções tecnológicas mais simples ou complexas segue com cada proposta artística, mas o objetivo é a perturbação direta pelo público. Uma participação que gera conhecimento pela experimentação dos processos artísticos, conforme menciona Edmond Couchot.
Se aqui existe essa dificuldade conceitual e prática, a pergunta é, conforme sugestão já proposta por Paulo Brusck (PE) e Diogenes (PB), durante a primeira edição do salão, por que não se investe em semanas de estudos e formação sobre a arte e as novas tecnologias? O resultado anterior do salão estava mais para a estética do precário do que para novas tecnologias. Um salão com ênfase na estética do precário seria muito bom! Esta proposta surgi com Hélio Oiticica , antes da arte povera e hoje Lisete Lagnado, discute o conceito de gambiarra que se aproxima dessa apreciação.
É necessário sintonizar-nos com as discussões teóricas e acontecimentos no Brasil e no mundo para não ficarmos apenas na festa. O positivo é que, no público da terrinha tem muita gente antenada, com um repertório atualizado, no campo da tecnologia mais avançada, apesar das instituições insistirem nos equívocos conceituais.
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Um Olhar Sobre a Cultura Popular Nordestina é o tema do concurso de fotografia que faz parte do Programa BNB de Cultura 2008. Inscrições até 14 de julho.
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Publicado em 17 de junho de 2008
Um comentário:
Exatamente...também tive a mesma impressão. A exposição da capitania foi bem contemplativa, muito fora do contexto ou daquele texto de abertura. O problema é que tudo fica muito destoante... mesmo as comemorações na universidade foram fracas. Aqui o mesmo prato é servido frio quinhentas mil vezes. Espero que um dia mude...estava lendo a entrevista de Max de Castro - sobre a apresentação do projeto seis e meia e lá no final da entrevista ele diz que, relativo a música, que "O Rio Grande do Norte vai estourar um dia". ´E essa a sensação...um dia... um dia perdido... um dia que demora muuuuuuuuuuuito a chegar... chegará?
Abraços,
Geison
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