26/01/2008

11 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA


TODOS NÓS PODEMOS TER UMA OBRA DE ARTE! - por Jean Sartief, Sânzia Pinheiro e Marcelo Gandhi


A aquisição de obras de arte é um dos processos mais interessantes que existe dentro de todo o sistema. Trata-se não somente de uma possibilidade comercial, mas uma atividade que garante trajetórias múltiplas. A obra já saiu unicamente do arcabouço de ter que dar vida a ambientes. Hoje, também pode ser percebida como um investimento financeiro levando-se em consideração que com a trajetória do artista e seu crescimento no mercado, a obra adquirirá um valor comercial maior, além de ser um reflexo de uma sociedade, de um tempo, de uma vivência maior no qual tanto você como o artista estão inseridos.

Uma outra vantagem é que não é preciso ter muito dinheiro ou conhecimento aprofundado para iniciar uma coleção de obras de arte. Você pode começar estudando a trajetória de um artista dentro de sua cidade e fora dela. Pode freqüentar as exposições e partir para a leitura de textos sobre arte local ou mesmo conversas com amigos que tenham um aprofundamento maior. Visitar sites especializados, ir a galerias e leilões, também ajuda na descoberta de bons artistas e obras. Se deseja estudar um pouco mais sobre a história da arte, aventure-se pelas páginas da Taschen, a maior editora de livros de arte do mundo, que trouxe ao mercado livros excelentes com preços competitivos.


Você também pode se aventurar em programas e exposições, existentes em várias cidades, que favorecem a compra parcelada e criam até mesmo um clube no qual se recebe obras como retorno do investimento associado. Como exemplo, há o Clube de Colecionadores de Fotografia e o de Colecionadores de Gravura, ambos do Museu de Arte Moderna, MAM, de São Paulo.
Muitas vezes com o dinheiro empregado em obras vendidas em corredores de supermercados, shoppings e feiras de artesanato, poder-se-ia estar adquirindo obras com qualidade expressiva dentro do circuito artístico, ou seja, trabalhos bem desenvolvidos por artistas que têm uma trajetória, uma pesquisa e um trabalho mais consolidado.


Esqueça aquela antiga mania de combinar obra com sofá! Isso é cafonérrimo em todos os sentidos! Isso é uma perda de tempo e de dinheiro. Quando se adquire uma obra de um artista com trabalho expressivo você adquire uma obra que tem um valor especial além de seu próprio valor de compra/venda. Fará parte da sua história pessoal e identificação com o artista ou do momento único vivenciado.


A inexistência de um mercado de arte consolidado em uma cidade também transmite uma idéia das relações culturais existentes. Um público que favorece a compra de obras dos artistas, sejam esculturas, pinturas, livros, música (CDs), fotografias, desenhos, gravuras etc estimula não somente o próprio mercado, como a carreira de um artista. Vale um questionamento de como Natal se situa nesse meio? Como você consome a arte produzida aqui?


Com uma atividade constante, o mercado aprimora-se, profissionaliza-se e oferece o melhor desde a própria concepção de uma exposição até mesmo à qualidade das obras ofertadas. O artista por sua vez, tem possibilidades reais de continuar a investir no seu trabalho, aprimorar suas pesquisas, realizar intercâmbios, enfim estudar e aprofundar-se dentro do circuito de arte e isso significa que a obra que está pendurada na sua parede também se valoriza.


Uma outra boa tacada é investir nos artistas novos que começam a destacar-se no meio. Muitas vezes as obras têm preços acessíveis e você evita a tentação de decorar sua casa, seu escritório com obras de gosto duvidoso ou de somente ter a velha guarda artística na sua parede. Além de tudo, os novos artistas representam a transformação, um novo olhar sobre a arte e o mundo. Não tenha medo de ousar um pouco mais na sua parede e quem sabe, em pouco tempo, você terá um acervo interessante e valioso para deleite próprio ou para matar de inveja qualquer um.


EM 08 DE JANEIRO DE 2008

Nenhum comentário: