DOS EDITAIS E OUTROS MEIOS - por Sânzia Pinheiro, Jean Sartief e Marcelo Gandhi
Janelas. Fotografia digital. Jean Sartief. 2006
Pode-se dizer que nos últimos tempos os programas de incentivo e fomento a artes visuais tem se multiplicado. Algumas vezes estas propostas nascem de projetos institucionais de empresas privadas, noutras são de instituições públicas e há ainda as propostas independentes e os programas de ocupação de espaços expositivos, todos objetivando tanto intensificar o interesse do público como promover o desenvolvimento de artistas, revelar novos talentos e proporcionar o desenvolvimento de inúmeros segmentos artísticos.
O Brasil apesar de viver um momento em que a cultura abre-se para o mercado, ainda não possui programa em que seja possível a experimentação ou o desenvolvimento de um trabalho sólido que demande tempo, pesquisas e acompanhamento, algo a longo prazo... um dos ônus da contemporaneidade é o imediatismo.
Dentro desse sistema existe, na maioria das vezes, o lançamento de editais para concorrência de artistas, que serão avaliados segundo critérios – que nem sempre são compreensíveis, mas que funcionam (ou deveriam funcionar) como diretrizes para o processo seletivo. A grande questão é que esses referenciais não são explicitados. Dessa forma, muita gente boa fica do lado de fora sem saber por qual motivo, muito mais num processo excludente do que algo que promova o fomento. Às vezes fica a impressão de que se a porta fica fechada, a janela estará lacrada!
Para o artista, mesmo tateando diante desse pequeno universo, fica uma questão a saber: o que vale a pena e o que pode ser descartado? O edital é fundamental para isso, mas é importante avaliar a cronologia histórica do programa, verificar as exigências do regulamento, perceber como lidam com o conceito que norteia a proposta, a premiação, obras expostas anos anteriores, participantes e artistas premiados, além dos profissionais envolvidos, atentar à produção de materiais complementares como catálogos, material gráficos, vídeos etc. Enfim, estar atento se os interesses dessas instituições e os seus, como artista, se conjugam.
Algumas propostas se firmaram como diferenciais e norteadoras do cenário artístico brasileiro, uma delas é o Rumos Itaú Cultural. O Rumos é um programa que atua (desde 1997) em várias linhas artísticas, desde a dança, música, literatura, jornalismo cultural, artes visuais etc com a intenção de valorizar diversas expressões e principalmente, abarcar todas as regiões do país, com pesquisas aprofundadas e acompanhamento.
Ainda nesse contexto, há o prêmio CNI/SESI Marco Antônio Vilaça, que vem se solidificando no cenário artístico e contempla apenas 5 artistas brasileiros a cada edição bienal e também há o já estabelecido Prêmio Sérgio Motta. É importante estar atento a algumas instituições que vêm desenvolvendo programas consistentes de incentivo e exposições como a Petrobrás Artes Visuais e o Centro Cultural Banco do Brasil. Além da FUNARTE que abriu edital para seus espaços expositivos com pequenos incentivos. Esse ano a novidade dessa instituição foi o Conexões que disponibilizou uma verba para projetos que contemplassem o desenvolvimento das artes visuais.
Editais de bolsas e residências internacionais, são uma outra alternativa que tem surgido. Os países de uma maneira geral têm investido em intercâmbios. Outra saída é fortalecer-se nos coletivos para viabilizar trabalhos. Assim galera, estejam atentos! A internet é uma ferramenta fundamental nesse processo, seja para buscar edital, salões etc (e há muito site interessante disponível para isso) ou para inserir-se na rede em movimento permanente.
EM 25 DE DEZEMBRO DE 2007
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