30/09/2008

48 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA



Ítalo Trindade é um dos artistas que tem obras no acervo da Pinacoteca

ÍTALO TRINDADE, O SENHOR DAS CORES
Por Jean Sartief, Sânzia Pinheiro e Afonso Martins

Não raro o artista ter o poder de proporcionar ao espectador a chance de ver o mundo por ângulos diferentes, contudo podemos dizer que é quase em extinção um artista construir uma carreira imantado, simultaneamente, com precisão e densidade como o faz Ítalo Trindade. Artista que também faz parte do acervo da Pinacoteca do Estado.

Sua obra evoca a uma materialidade que vai muito além do aspecto pictórico, do olhar geométrico prazeroso ou do manejo exato da cor. Ítalo reinventa não só a paisagem urbana ao seu redor, como a todo o universo de sensações e resistências as quais somos normalmente engolidos. Em sua fase atual, com um maturidade despreendida, ele consegue, com extrema potência, reunir fragmentos que compõe uma obra gigantesca no qual o público mergulha na pesquisa cromática existentes em suas telas.

O espectador, em geral, é tomado por esse universo de extensas possibilidades o que torna, cada vez mais, a obra infinita em leituras e diante disso, em si mesma. Seu olhar atento está na gênese de toda a sua criação e o traz desde a infância, do estímulo materno e da predileção pela arte e literatura, além de pertencer a círculos sempre próximos a artistas, como no caso da amiga poetisa Myriam Coeli. Com apenas 19 anos, em 1973, ganhou o primeiro prêmio de pintura, do salão dos novos artistas do Rio Grande do Norte, promovido pela Fundação José Augusto.

Seu atual trabalho tem com base a pesquisa de um processo de interação entre cores, ou seja, são as camadas sucessivas e superpostas de tintas que claramente confere uma sedução ao olhar, à descoberta, talvez a mesma que o artista sente ao misturar os elementos, mas não se engane pensando que é algo aleatório, displicente...não! Podemos dizer que aí está uma diferença crucial no que compõe um grande artista. Ítalo se entrega inteiramente ao ato de pintar, de mesclar as cores, de provocar efeitos; sensações e de deslocar insondáveis composições que vão além de uma nominação abstrata.

Hoje, com 37 anos de profissão, autodidata e vencedor de vários prêmios, além de ter em seu currículo exposições em vários estados e no exterior, o artista sabe que os caminhos em Natal são árduos, mas é essa aridez que também toma outra forma e é simplesmente transmutada em luz, ponto mais forte de sua inspiração. O trabalho realizado nesse anos de carreira o conduzem, sem alarde, a um resultado que é cada vez mais aclamado pelo público.

fv


Publicado em 30 de setembro de 2008

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