04/11/2008

53 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA

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MARCELUS BOB, UM POSSIBILISTA
Por Sânzia Pinheiro, Jean Sartief e Afonso Martins
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Freiras jogando cartas em um bar às 02:35 da madrugada ou na posição de felina em cima de uma cama; seres quase humanos dos quais não é possível ver seus rostos e que o artista denominou humanóides. Esses são alguns dos personagens que compõe os trabalhos de Marcelus Bob. As cores usadas para compor suas narrativas não são menos provocadoras que os personagens. As linhas da construção das imagens são tensas, adicionando às telas uma força criativa que coloca a imagem no campo do fantástico.


Marcelino William de Farias é natalense desde 03.03.1958 Partipou do atelier da ETFRN, atualmente CEFET, e foi aluno do grande Thomé Filgueira. Faz parte do acervo da Pinacoteca do Estado do RN. O valor da arte de Marcelus Bob tem reconhecimento internacional, é possível encontrar suas obras em 12 países.


Os humanóides, seres encapuzados, são nômades subversivos compostos pela emblemática composição da natureza humana urbana. Marcelus diz que eles suscitam as mais diferentes reações entre os observadores. Para uns é deus para outros o diabo. O que percebemos de comum nessas observações é o mistérioso. Para o artista, o humanóide pode ser uma pessoa “boa, má, um zorro urbano, um pastor de ovelhas, um padre, um santo, um Dom Quixote ou até mesmo o Mister M”. Pois é, assim como a vida, que nada mais é que uma possibilidade/resultado criado por milhares de processos, decorrentes de inúmeros elementos.


Marcelus Bob vive, desde 1980, no cenário potiguar de pintura amealhando prêmios e espalhando suas criações de telas à muros. A data indica que já está próximo de uma grande comemoração em festividade aos seus 30 anos de carreira. Ele considera-se um possibilista, termo que se identifica porque diz da abertura presente em todas as situações. Nada está irremediavelmente fechado! Nos anos 80 ele foi um dos poucos artistas a diblar a “censura” à grafitagem em muros pela cidade (o que ainda acontece, de certo modo, até hoje). Bob conseguiu um autorização oficial para colocar os humanóides circulando pela cidade.


Produtivo, disciplinado e extremamente rigorosos com suas criações. Suas telas refletem o urbano invísivel da cidade do Natal/RN e seus habitantes dedicados a construir uma dimensão tão imaginativa quanto real. As cores fortes predominantes são como num grito anunciando o comportamento do homem envolto em imprevisibilidades/possibilidades. Talvez, por isso, a abordagem que faz dos temas escolhidos apresenta um certo nível de contradição. O jogo de luz que o artista realiza parece anunciar o crepúsculo e o amanhecer ao mesmo tempo.


O artista diz, na revista Préa, ser um grande admirador de Van Gogh: “pelo despreendimento, soltura , genialidade e extravagância”. Marcelus Bob foi homenageado na coletiva PANORAMA 0.8 _2004 promovida pelo M8M e, em 2007, recebeu o Prêmio Cultural Diário de Natal na categoria pintura. Este ano integrou a coordenação do XII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal.

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Publicado em 04 de novembro de 2008

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