26/11/2008

56 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA

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CONVERSA COM JEAN SARTIEF
por Sânzia Pinheiro e Afonso Martins
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Sombras de Mondrian, uma das obras premiadas no XII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal
Abriremos espaço na coluna para entrevistas com os premiados nos salões de arte contemporânea inaugurados recentemente em Natal. Abrimos a série com o artista Jean Sartief premiado em no XII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal e no II Salão Abraham Palatnik.


1- Você pode dizer um pouco do processo dessas obras premiadas?


Sombras de Mondrian faz parte de uma série de trabalhos que venho desenvolvendo tendo como referencial artistas de todas as épocas na história da arte. São mestres que eu admiro, que me tocam, me instigam e é uma forma de estabelecer um diálogo entre a arte contemporânea e as várias escolas de arte. Essa obra, em especial, é muito importante porque vem da minha pesquisa em arte e meio ambiente e não foi criada a partir de uma série de fotografias para escolher as melhores. O tríptico apresentado foram as únicas fotos que fiz, ou seja, as 3 fotos são únicas. A obra Led message for you é importante porque faz parte de um projeto onde posso trabalhar as mensagens que venho coletando da população brasileira. Mensagens de anseios, desejos, sonhos, tristezas que compõe um retrato do nosso povo, de nossos pensamentos, de nossa expressão. As frases são de pessoas de diferentes lugares, classes sociais, etnias, orientações religiosas etc. Também procurei, neste trabalho, enfatizar a questão da comunicação, do excesso de informações, do outro, da presença e ao mesmo tempo da invisibilidade da pessoa ao nosso lado, da construção e desconstrução do consciente, da relação homem/tempo, das questões sobre a confiança, da violência impregnada no inconsciente... são muitos os pontos abordados.


2- Qual a sua formação e como ela contribui (ou não) para o seu trabalho artístico?


Minha formação é em comunicação. Ao invés de licenciatura em arte, preferi optar por uma das áreas de minhas linhas de pesquisa no meu trabalho artístico, então foi o meu trabalho em arte que influenciou a minha formação. Hoje, eles se nutrem de infinitas formas de conhecimento...está tudo aí (e muito mais!). Acho que o artista não deve se restringir a uma única formação.


3- Que atitudes deveriam ser tomadas pelos artistas no sentido de melhorar o campo de artes visuais no Estado?


Acho que os artistas têm que parar de ter uma posição passiva e ainda, assistencialista. É preciso cobrar e não se contentar com o que é simplesmente colocado de qualquer forma. É preciso criar os próprios caminhos. Se não tomarmos um posicionamento crítico e efetivo as coisas sempre serão da mesma forma. Se o artista não investir nele mesmo, em sua pesquisa, nos materiais, conceitos, trocas de experiências, vivências fora e/ou aqui mesmo, continuará seguindo por caminhos já trilhados, o que pode ser bom como aprendizado, mas tem que ir além.


4- Do que você sente falta na cidade relativo ao seu campo de trabalho?


DE COERÊNCIA, é disso que sinto falta. Há muito discurso, mas pouca coerência.


5 - Você desenvolve alguma pesquisa? Poderia falar-nos sobre ela?


Identifico 4 linhas de pesquisa no meu trabalho: comunicação, meio-ambiente, sexualidade e o meu universo afetivo/emocional. Sinto que são esses campos amplos mas que mergulho profundamente porque neles eu busco respostas e encontro novas perguntas para a loucura da vida; neles eu me quebro e me reestruturo; me encontro e me perco novamente... como dizia Sartre.


6- Quais os planos futuros?


Estudar, pesquisar e mergulhar mais no mar...
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Publicada em 25 de novembro de 2008

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