18/11/2008

55 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA




DOS SALÕES

por Sânzia Pinheiro, Jean Sartief e Afonso Martins



Presenciamos a abertura de dois salões na cidade, fato que devemos comemorar! É visível a ênfase na fotografia, confirmando nossas observações que apontam a fotografia como uma produção emergente na cidade. Essa participação marcada da fotografia veio acompanhada de um nível mais elevado das obras tanto no XII Salão de Artes Visuais da Cidade do Natal como no II Salão Abraham Palatnik. Percebe-se uma elaboração mais consciente, com menos acaso e mais pesquisa. Podemos afirmar que houve um avanço significativo no II Salão Abraham Palatnik, no que diz respeito às obras. Também chamamos atenção para o catálogo do Salão Abraham Palatnik que trouxe a publicação de todos os inscritos além dos selecionados. Isso possibilita a qualquer um fazer um exercício de curadoria.


Os dois salões apresentaram evoluções, contudo precisam de uma direção, uma discussão, um eixo técnico/conceitual que norteie a montagem, defina as comissões de seleção e desenhe o formato.


Acreditamos que tal iniciativa seria bastante pertinente uma vez que o salão promovido pela Fundação de Apoio a Pesquisa do RN – FAPERN é, nas palavras de Isaura Rosado, "um esforço do governo do Estado no sentido de estimular e fortalecer uma vertente moderna, científica e técnica da manifestação artística".


Devemos aplaudir essa compreensão. O necessário diálogo entre arte e ciência é acolhido pela chamada ciência da complexidade, entretanto avançando no raciocínio da presidente da Fapern, é preciso inovar nas formatações e abrir edital para bolsas de pesquisas. O que estamos dizendo já acontece no mundo todo. Apostamos na arte como produção de conhecimento, construtora de novas visões de mundo. Os dois salões sofrem de um problema comum: o espaço expositivo. O Abraham Palatni tem como abrigo a Biblioteca Câmara Cascudo que não é bem o espaço para abrigar um salão que tem como eixo central a relação entre arte/ciência/tecnologia. Muitas Janelas e colunas impediram a boa disposição das obras. A claridade da sala diminui o brilho de algumas obras. Mesmo assim, a montagem conseguiu colocá-las de maneira a ser possível uma visibilidade e valorização razoável dos trabalhos expostos.


A falha centrou-se principalmente no térreo acentuando o distanciamento claro, mais que geográfico, entre as obras recusadas com as selecionadas. Qual o sentido dessa atitude? Outra falha grave aconteceu com as obras premiadas no I Salão Abraham Palatnik que estavam perdidas no térreo. Um observador menos avisado poderia confundir a obra “Ronda” de Max Pereira, também premiada na edição anterior, com as demais. Onde está a obra de Guaraci Gabriel, 1º lugar em 2007, amplamente divulgada na época, que foi trocada por uma outra menos significativa na abertura da exposição?


O XII salão de Artes Visuais da Cidade do Natal peleja com o mesmo problema. A concepção da montagem foi infeliz ao retirar os tradicionais suportes, lançando as obras num vácuo, que gerou uma confusão visual. O prédio também não favorece tal montagem. É impossível ao observador contemplar uma única obra. Ao se posicionar de frente para uma, outras entram no seu campo de visão. Isso sem contar com a paisagem que rodeia o prédio e interfere diretamente, uma vez que as “paredes” são de vidro e sem falar na identificação dos artistas que ficaram “invisíveis” no chão e por isso, pisoteadas.


Foram várias as colunas que dedicamos à questão da perda da Pinacoteca, que como espaço expositivo não tinha as melhores condições, mas era o mais correto de todos.Os dois salões não têm avanços significativos como proposição de um evento de artes visuais da cidade no século XXI, mas as obras apresentadas, sim! Parabéns aos artistas que avançaram nesse ano. Percebe-se o uso de tecnologias mais refinadas. É visível o crescimento de alguns artistas. Não chegamos no auge, mas a força criativa é visível; precisa do fomento das instituições promotoras, traduzida em formação, bolsas de pesquisas e residências. Nas colunas seguintes faremos um breve diálogo com os artistas premiados, na tentativa de colocar os salões em movimento.


Publicado em 18 de novembro de 2008

2 comentários:

Unknown disse...

Jean Sartief causando um movimento com suas fotos de guardanapos!!!

meu amigo aprisionou a governadora Vilma diante de seu trabalho! eu quase não consigo falar com o cara... tive que distrair a Vilma mostrando um cara envolto por uma toalha rosa para poder chegar perto do super Jean Sartief!!!!

sou seu fã Jean...
beijos.
Riccard8 San Martini.

Anônimo disse...

Parabéns a Jean Sartief, Henrique José e Artur, os premiados e parabéns a todos os inscritos que realmente elevaram o nivel do salão, assim como o da Capitania...uma reclamação é realmente quanto aos espaços que não parecem ter sido projetados para exposições, mas sim adaptados. Uma pena. Acho que os artistas merecem uma melhor qualidade nos expaços expositivos.