15/07/2008

37- FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA

PARA PENSAR E AGIR...

Por Jean Sartief, Sanzia Pinheiro e Afonso Martins
JOSEPH BEUYS, Como se explicam quadros a uma lebre morta. Ação /1965, Alemanha.

Tecnicamente os salões de arte inseridos dentro do circuito mercadológico institucional, ou seja, aqueles editais que são vinculados a alguma instituição pública ou privada (em geral bancos) criam normas técnicas e diretrizes para nortear os artistas quanto ao processo técnico de envio de projetos para seleção e posteriormente, aos selecionados, o envio das obras.

Tais editais dão diretrizes, mas também esclarecem os direitos e deveres de ambas as partes no processo que decorre ao salão, que são uma estratégia de atuação para divulgação institucional, pública ou privada, da política cultural defendida e que, assim, dentro de suas especificidades, procura abrir uma nova paisagem, mapear novas geografias artísticas, imaginar outras formas de atuação e, ao mesmo tempo, desenvolver críticas e processos curatoriais de práticas e descobertas de novos artistas.

A própria conceituação de descoberta de novos artistas parece um pouco fraca quando entendemos que o artista se faz ao longo do percurso e essa descoberta só desperta o olhar para uma promissora carreira que pode seguir, ou não, a contento.

Esses novos artistas, muitas vezes, não encontram ecos de sua produção dentro dos chamados editais, uma vez que estes se limitam a práticas consensualmente aceitas. No circuito tradicional, não há um edital sequer que invista em novas práticas. Parece que um copia o outro e esquecem-se de inovar, de olhar para suas amplitudes e suas regionalidades, e até mesmo, possibilitar confluências que o desliguem dos demais.

Acerca dos direitos e deveres, um abismo freqüentemente se forma. A prática de remuneração de todos os selecionados nem sempre é comum, o feito em regra comum é destinado aos premiados, e de um modo geral ainda insuficiente para o artista, que a utiliza como uma ajuda de custo na produção de seu trabalho, levando em consideração que os custos como transporte, devolução, seguro nunca estão inclusos. Se acontece algum dano, provavelmente, o artista deve ter assinado na ficha de inscrição o termo que concordava com os requisitos de tal edital, que incluía a não responsabilidade por perdas, danos, extravios ou quaisquer outros adultérios a obra. Isso sem falar da prática de adiar os períodos de inscrições várias vezes, sem comunicar ao público as novas datas de seleção e os tais critérios que levaram às modificações e o atraso na produção dos catálogos, quando se exige dos artistas o envio de fotos antecipadamente e com prazos curtíssimos.

Ainda presos dentro das convenções formais, os editais carecem de uma atualização e diálogo com os artistas, uma vez que, geralmente os próprios processos curatoriais são questionados. Os artistas são os únicos capazes de romper tais regras e desafiar tais tradições perpetuadas, já que são os mais comprometidos com o trabalho, quando os organizadores são comprometidos com a instituição.

Em 2005, o artista Bruno Vieira, de Pernambuco, passou pelo constrangimento de ver seu nome selecionado para a premiação em um Salão em Goiás! E depois recebeu a notícia da organização que tudo não passou de um engano. Segunda curta divulgada no Mapa das Artes, a 14ª edição do Salão de Arte Contemporânea de Campinas (SP), promovido pela prefeitura local por meio do Museu de Arte Contemporânea da cidade, retomado depois de 19 anos, não pagou nem os artistas premiados nem os membros da comissão julgadora. O evento ocorreu entre o final de 2007 e o início de 2008.

Por essas e outras os artistas precisam de fortalecimento enquanto conjunto representativo. Somente esse engajamento faz com que as instituições revejam sua postura e se firmem não só como espaço expositivo, mas meio de preservação, difusão, troca de conhecimento e incentivo a produção, dentro de prerrogativas favoráveis aos próprios artistas.

CURTAScurtasCURTAScurtasCURTAScurtasCURTAS
O artista Daniel Murgel, está comprando obras de arte para apresentá-las em um evento-performance na galeria paulistana Vermelho. O trabalho é o “Leilão dos Piores Trabalhos de Arte Contemporânea”, pagará de R$ 0,10 a R$ 1,00 por cada obra. Mais: http://www.galeriavermelho.com.br/
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OIDARADIO é uma estação de rádio, um espaço expositivo expandido em que artistas, curadores e músicos experimentais poderão desenvolver uma grande variedade de projetos exclusivamente sonoros. Para ouvir: http://oidaradio.org/exposicao.php
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Bienal do Mercosul (Porto Alegre/RS) definiu curadoria-geral para a 7ª ediçãoA curadoria-geral será da argentina Victoria Noorthoorn e do chileno Camilo Yáñez. Eles, que estarão em Porto Alegre em 03/07/08, propõem um conceito de bienal que determina uma participação efetiva dos artistas. Mais: http://www.bienalmercosul.art.br/

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