20/08/2008

42 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA

ARTE MODIFICADORA
Por Jean Sartief, Sânzia Pinheiro e Afonso Martins


Nosso texto dessa semana é baseado no comentário da pesquisadora e artista Bárbara Echevarría na revista argentina No-retornable onde diz que os muros da cidade são a abertura para o fazer crítico e para a reflexão sobre a nossa experiência cotidiana e suas múltiplas construções de sentido, em uma cidade que desenvolve discursos institucionais que tentam desarmar a identidade política e eliminam toda resistência provocada por novas formas de reflexão.


Como questionamento ela nos coloca que” Sabemos que a realidade não existe, que devemos nos conformar com a percepção que dela podemos ter. O que se passa quando os códigos mudam e alteram nossa maneira de pensar, de nos relacionarmos com o mundo? Por acaso o mundo também muda.”


É dentro desta percepção que a arte contemporânea vai além da preocupação com a vanguarda ou com qualquer tipo de nomenclatura, uma vez, que os artistas estão comprometidos não somente com suas carreiras, mas com gerar acontecimentos que suscitem além de novas práticas, reflexões e modificações permitindo uma nova escritura de nosso corpo na paisagem.


Muitos acham que os espaços ociosos, os muros e casas abandonadas seguem em silêncio numa morte anunciada, quando verdadeiramente, há um grito tomado por trás desse suporte ao qual os artistas dão voz, reincidem sobre a natureza das coisas e perfazem novos caminhos para diálogos entre passado, presente e futuro.


Por outro lado, quando falamos sobre o espaço urbano, a que espaço urbano nos referimos a um existente em Natal e a um outro em São Paulo? Haverá as mesmas noções de sentido, de valores, de referenciais? Essa universalização que entra em contato com o particular gera soluções adequadas a ambos? Não nos omite o questionamento de que no mundo pós-globalizado as questões universais chegam aos interiores com a mesma força, ou mais, do que centros mais desenvolvidos. A arte urbana propicia além do questionamento o entendimento de nossa própria realidade.


Se a violência toma os noticiários e os assuntos cotidianos, podemos nos perguntar de que linguagem a violência trata? Se as relações complexas de aprendizado acontecem em meio a competitividade de mercado, ao qual, os próprios artistas se vêem entrançados, como modificar, através da arte, o potencial destrutivo de nossa sociedade? A arte por si engendra possibilidades que tocam o sutil, o encantamento, o lúdico, a subjetividade dos valores novos e velhos.


Dessa forma, as manifestações artísticas urbanas são propícias para modificações a partir de reflexões e formação de novos caminhos para muitos jovens que passam a lidar com o cotidiano como matéria-prima da revolução modificadora da realidade.
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- Aberta a oitava edição do Prêmio Porto Seguro de Fotografia 2008. O tema é "Retrato em Questão, a Imagem Brasileira." Mais: www.portoseguro.com.br/fotografia.

- Nos dias 19, 20 e 22 de agosto acontece em Fortaleza o seminário, coordenado por Bitu Cassundé, sobre políticas de inserção e o circuito da arte no nordeste, como o título: Arquitetura de um Circuito em Construção – Nordeste. Mais: www.bnb.gov.br/cultura

- A segunda edição da Bienal de Artes Brasileiras de Bruxelas recebe inscrições até 30/09/08.
São aceitos projetos (pintura, escultura, desenho, fotografia, instalação, performance, vídeo, etc) de artistas brasileiros residentes no exterior. Mais: www.bienalbrasileiradebruxelas.com
Publicado em 19 de agosto de 2008

Um comentário:

Eduardo Verderame disse...

a figura que ilustra o texto é uma foto de um trabalho do Paulo Hartmann.