10/09/2008

45 - FERMENTAÇÕES VISUAIS - TRIBUNA DO NORTE - TODA TERÇA-FEIRA


... E A PINACOTECA VAI SUMINDO DO MAPA
Por Sânzia Pinheiro, Jean Sartief e Afonso Martins


O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva lançou, em outubro do ano passado, o programa Mais Cultura, na intenção de proporcionar aporte de recursos de cerca de R$ 4,7 bilhões na cultura brasileira nos próximos três anos. O Programa é uma das estratégias do MinC para ampliar o apoio e os investimentos do Governo Federal em todas as regiões do país.


A atitude do presidente fundamenta-se nos dados, que podem ser acessados no site do Minc, onde 92% dos brasileiros nunca foram a um museu; 93,4% nunca freqüentaram uma exposição de arte; 78% dos brasileiros nunca assistiram a espetáculo de dança e mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso.


O brasileiro lê em média 1,8 livros per capita/ano (contra 2,4 na Colômbia e 7 na França, por exemplo); 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população. O preço médio do livro de leitura corrente é de R$ 25,00, ou seja, elevadíssimo quando se compara com a renda do brasileiro nas classes C/D/E. Isso sem falar nos 600 municípios brasileiros que nunca receberam uma biblioteca- destes, 405 ficam no Nordeste, e apenas dois no Sudeste.


Esse dados demonstram a situação precária em que se encontra a população brasileira. O Rio Grande do Norte, porém , consegui ir mais além. A Pinacoteca do Estado está sendo desapropriada pelo governo. A governadoria, está funcionando na Pinacoteca! Não trata-se mais de palavras! Em uma atitude real, de carinho e respeito pelo patrimônio artistíco potiguar, Vilma de Farais decidiu trabalhar junto ao maior e melhor acervo do Estado. Colocou as obras entre birôs e vai e vens de pernas de todos os tipos , tamanhos e interesses.


Qualquer um pode ver o descaso, com a coleção de artes visuais do Estado do Rio Grande do Norte. O que poderia justificar tal atitude? A beleza do prédio ou o amor pela cidade? É a confirmação da inexistência de interesse pelos bens culturais da cidade. Como resposta é lançada uma pinacoteca virtual. Ora, 82% dos brasileiros não têm computador e 70% não tem acesso a internet. O que torna Pinacoteca virtual é um despropósito.


Há muito que esse ato vinha sendo denunciado, contudo a representação do Instituto de Patrimônio Historico Artístico Nacional não se manifestou nem o procurador do meio ambiente - que por sinal, estava no seminário “Cidade em Alta: Perspectivas do Sítio Histórico”, quando foi lançado uma carta à governadora onde solicitava-se uma atitude contra a atrocidade que se aproximava.


A sociedade brasileira discute, desde 2003, um Plano Nacional de Cultura - O PNC. O Ministério da Cultura se empenha em favorecer o desenvolvimento e a expansão da cultura brasileira. Aqui o exercíco é de encobrir, embotar, destruir. Enquanto o ministério da cultura, investe, na cultura como um bem de consumo, garantindo acesso da população aos bens e serviços culturais, através de projetos, programas e ditais o governo do Rio Grande do Norte, retira a arte do espaço que a abrigava há dez anos, para instalar birôs e biombos, deixando-a entre a poeira dos pés da própria governadora e da tecnoburocracia que a acompanha.


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Estão abertas as inscrições, até 29 de setembro de 2008, para o Programa Nacional de Bolsas da Funarte. Para artistas, críticos e outros profissionais das artes em todo o território brasileiro. Mais http://www.cultura.gov.br/
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A Funarte laça o Prêmio Marcantonio Vilaça em parceria com o Iphan e concede até R$ 90 mil a instituições museológicas de todo o país, para aquisição de obras de arte que complementem seu acervo. As inscrições estão abertas, até 1º de outubro de 2008. Mais http://www.cultura.gov.br/
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As inscrições para a Rede Nacional Funarte Artes Visuais estão abertas, somente para instituições culturais sem fins lucrativos, até 1º de outubro de 2008. Mais http://www.cultura.gov.br/

PUBLICADA EM 09 DE SETEMBRO DE 2008

Um comentário:

Anônimo disse...

é vergonhoso mesmo. Imagina quando as obras sumirem na calada da noite...quando ninguém souber o que é feito... quando o patrimônio desaparecer... A sensação que tenho é que sempre somos diminuídos como artistas e cidadãos. Como se fôssemos uma categoria de terceira qualidade! É o fim tratar as artes visuais desta forma...